Maria das Graças Tomaz Coelho Vaz
1971 - 2022
Ela amou, amou muito, e se doou, assim como Deus queria que ela fizesse.
Minha mãe era uma mulher de muita fé, uma mulher muito generosa, que amava a vida e amava a Deus acima de todas as coisas. Era uma mulher alegre, todos os meus amigos gostavam dela. Na verdade, acho que nunca ouvi dizer quem não gostassem dela. Sempre se lembrava de ajudar o próximo, tinha prazer em fazê-lo, pois, como sempre dizia, "graças a Deus eu tenho como comprar mais se precisar, tem gente que não tem".
Acordava todos os dias às 04:30 da manhã para fazer suas orações, e quando fui arrumar suas coisas, achei um pequeno caderninho, onde estava escrito uma oração por mim, por meu esposo, por meu pai, e pelo emprego dela. Ela amava ir à igreja, amava ajudar na igreja, amava tudo que dizia respeito a Deus e a Nossa Senhora. Era uma pessoa extremamente dedicada e responsável, se doava ao máximo em tudo o que fazia. Abriu mão de 10 anos de sua vida, deixando de trabalhar fora, para cuidar de mim. Abdicou de 10 anos.
Era uma excelente costureira e trabalhava muito na confecção que tinha em cima de casa, para poder ajudar meu pai com as contas. Porém, fez questão de acompanhar cada passo da minha infância. Minha mãe cuidava de todo mundo, não tem ninguém com quem ela não se importasse. Era a paz e a calmaria em pessoa, confiava que tudo se resolveria segundo a vontade de Deus, confiava cada detalhe, não se desesperava com nada. Nos meus 24 anos de vida, em todos os meus aniversários me acordava cantando a música de Aniversário da Xuxa, comprava bolo, fazia festa, quanta saudade sentirei disso nesse ano. Quando estava para me casar, ela pediu para tirar férias, para assim poder participar de todos os preparativos. Minha mãe era a minha melhor amiga. Sabia de cada detalhe da minha vida, me ensinou muito, mas ainda tinha tanto para me ensinar...
Deus escolheu levá-la cedo e de forma alguma me oponho à sua vontade, mas como queria que ela estivesse aqui para ver tudo o que ainda tinha que acontecer. Ela não conheceu os netos que tanto queria conhecer, não tive tempo de ter os filhos dos quais ela queria me ajudar a cuidar, ela não teve tempo de tirar as manchas dos panos que eu, inexperiente, manchei ao colocar de molho e que ela prometeu, na véspera da sua morte, que tiraria para mim. Ela não conseguiu concretizar os planos da festa junina que faríamos no seu aniversário esse ano, festa que combinamos no domingo anterior à sua morte.
Tanta coisa que ela planejou, tanta coisa que ela sonhou, tanto que ela ainda desejava viver e que foi interrompido de forma tão brusca, nessa tragédia. Ela estava cuidando dela, no dentista, quando morreu. Esposa exemplar, mãe admirável, profissional dedicada, cristã fiel, amiga de todas as horas, essa era a minha mãe, com muitas outras qualidades que, qualquer pessoa que a conheceu confirmaria e não me deixaria mentir. Ela não tinha medo da morte, preparou a alma dela para morrer e foi grande exemplo, em especial para mim, pois quero ser ao menos metade da grande mulher que ela foi.
Saudades eternas, mãe!
Victoria Tomaz Coelho Vaz de Oliveira (filha)
Maria das Graças Tomaz Coelho Vaz nasceu e faleceu em Petrópolis (RJ), aos 50 anos, vítima das chuvas de 15/02/2022.