Linha do tempo das chuvas em Petrópolis
Até quando?
Relembrar o histórico de chuvas de Petrópolis é algo doloroso e que
ninguém gostaria de ter que fazer, mas as tragédias em nossa cidade,
que se repetem por décadas, definitivamente requerem uma postura de
não esquecimento e de luta permanente por melhorias estruturais.
Com uma frequência assustadora, muitos petropolitanos têm sido vítimas
dessas catástrofes que, apesar do componente natural - chuvas fortes e
região montanhosa, escancaram a evidente omissão do poder público.
Se nada for feito, infelizmente o histórico nos mostra que um novo evento
pode acontecer a qualquer momento.
Nº de vítimas das chuvas por ano
2022
241 óbitos
Novo temporal causou mortes e destruição
Em 20 de março, um pouco mais de mês após a chuva que causou a maior
tragédia da história de Petrópolis, uma tempestade causou a morte de
sete pessoas, novos deslizamentos e caos por toda a cidade.
De acordo com o CEMADEN, o volume de chuva registrado durante o período
de 24h chegou a 534,4 mm na Estação pluviométrica do bairro São Sebastião,
um recorde no município.
A recorrência das chuvas em 2022 só reforça a necessidade de propostas
inovadores, soluções diferentes e reestruturação urbana profunda e imediata,
além de um olhar mais cuidadoso para a parte socialmente vulnerável da
população, a fim de que seja interrompido esse ciclo de morte em Petrópolis.
Óbitos: 7
A Petrópolis que não existe mais
Como ficou Petrópolis após as chuvas de 20/03?
Maior tragédia da história de Petrópolis
A chuva catastrófica que atingiu Petrópolis, em 15 de fevereiro,
causou a morte 234 pessoas, sendo 44 crianças e adolescentes, além de
deixar quase 900 desabrigados.
Mesmo "obrigada a se acostumar" com as recorrentes chuvas, alagamentos
e desabamentos, a população enfrentou momentos de proporções difíceis de
imaginar, com inundações em toda parte, queda de barreiras e pedras, carros
retorcidos, ônibus tombados, além de pessoas levadas pelas correntezas.
Ruas inteiras do Alto da Serra, Castelânea, Centro, Chácara
Flora, Caxambu, só pra citar algumas, ficaram irreconhecíveis, tamanha
a violência das águas.
A maioria de nós já ouviu falar das
tragédias de 1988 e 2011 (e de tantas pessoas queridas ou conhecidas
que se foram naqueles eventos ou em outros menos lembrados), mas a
verdade é que o que aconteceu em 2022 abriu uma ferida que levará
muito tempo, se é que terá cura, na alma de quem mora nesta cidade.
Óbitos: 234
Desaparecidos: 2
Animais resgatados: 300
Vídeos mostram destruição por toda parte
Volume de chuvas registrado foi o maior em 90 anos de medições
Em apenas três horas (das 16h às 19h), choveu 230 milímetros, quantidade prevista para todo o mês de fevereiro.
"Estamos falando certamente da chuva mais intensa da história da cidade e provavelmente entre as maiores, senão a maior, já registrada, pelo menos desde que existem medições no Brasil", afirmou Marcelo Seluchi, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Vítimas fatais do temporal
Em respeito às famílias, não divulgaremos fotos das vítimas fatais das
chuvas de fevereiro de 2022.
Apenas listaremos,
respeitosamente, o nome de cada uma delas, para que nos lembremos
sempre que são pessoas, não números, com histórias e sonhos, que
tiveram suas vidas interrompidas por mais uma tempestade que caiu
sobre esta cidade.
Dói saber que, apesar do histórico
secular de chuvas no município, muito pouco foi feito para mudar o
rumo dos acontecimentos, pois Petrópolis, infelizmente, continua
despreparada e sem estrutura para garantir a segurança de seus
cidadãos.
Memorial dedicado à história das vítimas
Também temos a respeitosa intenção de construir um Memorial dedicado à
história de cada uma das vítimas fatais das chuvas de Petrópolis,
cultivando lembranças e afeto, a fim de que sigam vivendo em nossos
corações e na nossa memória.
Um familiar ou amigo que tiver o desejo e se sentir a vontade para contar
um pouquinho sobre um querido que partiu nas chuvas de 2022 (ou nas anteriores),
pode preencher o formulário do link abaixo.
Com base nas informações fornecidas, um texto tributo para cada vítima
será criado e disponibilizado em nosso memorial virtual. A ideia é que,
no futuro, se torne também um local físico, guardando os nomes e as histórias
dessas pessoas.
Latuff, 2022, Brasil247.com
Plano de prevenção apontou mais de 15 mil casas com risco em Petrópolis em 2017
De acordo com o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), elaborado em 2017 e entregue para a Prefeitura no mesmo ano, naquela época já havia mais de 15 mil residências no 1º distrito de Petrópolis em áreas de risco muito alto e alto para deslizamentos de terra. Esta foi justamente a região mais afetada pelas chuvas de 15 de fevereiro de 2022.
Os anos mudam, mas quase nada muda
Esta linha do tempo veio para mostrar que, infelizmente, mudam a
coloração das fotos, os nomes dos bairros, a data dos eventos, os
nomes dos prefeitos, assim como as promessas de reestruturação de
nossa cidade, mas o fato é que petropolitanos continuam morrendo,
quase todos os anos, por causa da omissão do poder público em reduzir
a vulnerabilidade da população.
Até quando?
2018
4 óbitos
Quatro pessoas morreram após uma semana de chuvas
Entre os dias 03 e 11 de março, fortes chuvas ocasionaram mortes e
caos em Petrópolis.No domingo (4), durante um temporal, um homem de 30
anos foi arrastado para dentro do rio após tentar impedir que seu
carro fosse levado pelas águas.
Em 08 de março,
quinta-feira, uma criança de 7 anos morreu soterrada dentro de casa.
Um casal, com idade próxima aos 45 anos, também foi encontrado morto,
já no dia 11, na Rua Ângelo João Brand, no Independência, depois de
seu imóvel ser atingido por um deslizamento de terra.
Arrastado pelas águas, ônibus bateu em ponte no Cascatinha
2017
1 óbito
Idosa morre após deslizamento de terra no Bela Vista
Um deslizamento de terra atingiu duas casas na Rua Alberto Pullig, no
Bela Vista, na tarde da segunda (21/08), após chuva forte que atingiu
a cidade desde o dia anterior.
Em uma das residências,
estavam duas mulheres, mãe e filha, que foram retiradas dos escombros
e da lama ainda com vida. Entretanto, Geni Fernandes Murta, de 87
anos, morreu horas depois no hospital.
Chuvas fortes causam transtornos em fevereiro e março
Em 2017, houve chuvas fortes entre 02 e 04 de fevereiro, com
alagamentos, quedas de árvores e deslizamentos de terra em algumas
regiões. As principais ocorrências foram registradas em Itaipava,
Nogueira, Corrêas e Fazenda Inglesa, além da Comunidade do Neylor, no
Retiro, onde a queda de um barranco assustou os moradores. Não houve
vítimas.
Em março do mesmo ano, no dia 14, um temporal causou alagamentos no Centro
Histórico e em diversos bairros, além de pequenos deslizamentos de terra
no Siméria e no Independência.
Dinâmica recorrente de negação dos problemas
"Petrópolis parte de um passado planejado, com ampla relação com seus
rios e morros, mas tem uma dinâmica recorrente de negação de seus
problemas ao longo da história. Exclui os mais pobres de seu
planejamento e restringe o acesso às áreas fora do mapa de risco,
liberando para o mercado privado o valor de terra das áreas ocupáveis
de fato. Resultado: quanto mais vulnerável o indivíduo, mais
vulnerável será o território que ocupa..."
*Trecho de artigo de Tainá de Paula, em 06/03/22, no Uol Ecoa
2016
2 óbitos
Pedras caem sobre casa no Quitandinha e matam duas pessoas
Um temporal, que começou a atingir a cidade no sábado (12/11), causou
deslizamentos de rochas na Rua Uruguai, no Quitandinha. Na segunda à
noite, por volta das 22h, as pedras caíram sobre uma casa, ocasionando
a morte de um idoso de 70 e de uma mulher de 49 anos. O marido dela,
de 52 anos, chegou a ficar soterrado, mas foi resgatado com vida.
Também houve quedas de rochas no Meio de Serra, mas sem
feridos, e alagamentos em diversos pontos da cidade. Na Vila Felipe, o
acumulado de chuvas foi de 155mm em 24 horas.
Casas em Pedro do Rio ficaram alagadas após chuvas
Durante madrugada e manhã do dia 16 de janeiro, Petrópolis foi
atingida por mais uma tempestade, o que ocasionou transbordamento de
rios, queda de barreiras e mais de 170 ocorrências, principalmente em
Pedro do Rio, onde casas foram invadidas pela água.
Ao
todo, cinco casas foram interditadas: na Posse, uma foi atingida por
um deslizamento; na comunidade do Alemão, um imóvel teve a estrutura
comprometida; um outro deslizamento atingiu três casas no Retiro.
2013
34 óbitos
Temporal de quase 24 horas causa 34 mortes
Fortes chuvas atingiram a cidade desde o início da noite de domingo,
17 de março, até as 5h da manhã de segunda (18), ocasionando a morte
de 34 pessoas.
Entre as vítimas estavam dois técnicos da
Defesa Civil de Petrópolis, que auxiliavam moradores de uma área de
risco na Rua Espirito Santo, no Quitandinha, quando foram soterrados.
Os maiores índices pluviométricos foram registrados no Quitandinha (acumulado
de 390 milímetros de precipitação em 24 horas), Independência (277 mm)
e Dr. Thouzet (267 mm). O previsto para todo o mês de março era 270 milímetros.
Durante a tempestade, houve o transbordamento dos rios Quitandinha e Piabanha,
deixando ruas alagadas, inclusive o Centro Histórico.
Os
bairros mais afetados foram Quitandinha, Alto Independência, Morin e
Alto da Serra.
Herói das chuvas de 1981 perde filha e netos no mesmo lugar, no bairro Independência
A foto de Jamil Luminato carregando o corpo de um bebê morto durante um temporal, em 1981, comoveu o país inteiro. O mais trágico é que, 32 anos depois, o homem chorou a morte da filha Drucilane Alves Luminato, de 27 anos, e dos netos João Vítor (2) e Rodrigo Oliveira Valle (4).
"Essa tragédia se repete sempre. Todo ano, sempre igual. Em 1981, ajudei a salvar os vizinhos. Ajudei aquela vez e em outras que a chuva fez estragos. Infelizmente desta vez (2013), foi com minha filha e meus netos. Espero que façam algo para que não volte a acontecer", desabafou Jamil Luminato.
O calendário de chagas da vida petropolitana
"O calendário de chagas que marca uma vida petropolitana contém uma
revelação a respeito não só da cidade, mas do Brasil: compreender que
os diamantes cravados na coroa valem tudo na mesma proporção que as
vidas cravadas nas encostas não valem nada"
*Trecho de artigo de Marcia Zanelatto, em 16/03/22, no Projeto
Colabora
2011
73 óbitos
Maior desastre natural da história do país deixou mais de 900 mortos na Região Serrana
Em 2011, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo foram cenário do
maior desastre natural da história do Brasil, com mais de 900 mortos e
quase 100 desaparecidos, que não foram encontrados.
Em Petrópolis, registro foi de 73 mortes, mas o número pode ser maior em
função dos desaparecidos.
A região da cidade mais atiginda foi a do Vale do Cuiabá, em Itaipava.
O Globo, 14/01/2011, Pág 1
Acervo O Globo
Divergência de informações
A partir deste ponto da Linha do Tempo, ou seja, ano 2010 para trás,
começamos a ter mais dificuldades em obter os dados e, mais do que
isso, observamos muita divergência de informações.
Um dos
maiores problemas têm sido o número de óbitos, que quase nunca batem
entre o divulgado nos levantamentos históricos feitos pela grande
mídia com os dados da Defesa Civil e dos veículos locais.
Ex: Jornais de todo o Brasil falam em 171 mortes em 1988, enquanto que
a mídia local fala em 134. Em 1992, por exemplo, vimos notícias sobre 23
óbitos, mas não tivemos a confirmação ainda. Usamos uma interrogação (?)
ao lado dos anos em que há dúvidas.
Por esse motivo, há alguns anos ainda vazios, mas que serão preenchidos
em breve. Também pode haver erros em outras datas, mas estamos empanhados
na revisão, checagem e correção dessas informações.
Se você encontrou algum erro, tem alguma sugestão ou possui
material para contribuir com o nosso histórico, por favor, entre em
contato pelo e-mail memorialpetropolis@gmail.com.
2010
1 óbito
2008
9 óbitos
Nove pessoas morreram em deslizamentos em Itaipava
Em fevereiro de 2008, uma forte chuva atingiu principalmente a região
de Itaipava, causando deslizamentos de terra em Madame Machado,
Estrada do Gentio, Estrada das Arcas e Benfica
Ao todo, nove pessoas morreram, sendo três crianças. São elas: Maria Isabel
da Conceição Silva (72 anos), Maria do Carmo (50), Fátima Maria Nicodemus
(43), Lílian Alice Rodrigues Pereira (39), Josélia Cordeiro Pereira (27)
e Érica Correia Santos Silva (21). As três crianças, Douglas Castro da
Silva, Maria Eduarda Cordeiro e Amanda Dias, tinham 5 anos de idade.
Além disso, 12 pessoas ficaram feridas e levadas para o hospital. Em relação
às ocorrências, 20 famílias ficaram desabrigadas e 70 desalojadas.
À época, a Cruz Vermelha declarou que a situação em Itaipava foi a pior
desde 1988.
2007
6 óbitos
Desabamentos após chuvas destroem casas e causam mortes
Em 2007, fortes chuvas começaram a atingir Petrópolis no início do ano
e se estenderam até o meio do mês, causando muita destruição e a morte
de seis pessoas*. Houve desabamento de residências na Fazenda Inglesa,
Retiro e Caxambu, onde foram registradas as cinco primeiras vítimas.
Em 30 de janeiro, após uma trégua de duas semanas, novo
temporal vitimou Ana Clara Silva de Paula, de 2 anos, que morreu
soterrada na Rua Antônio Francisco Lima, em Vila Rica, após sua casa
ser atigindida por uma barreira.
Os dados apontam 51 deslizamentos de terra em 17 bairros do município durante
o mês de janeiro. Ao todo, 57 casas ficaram destruídas e 180 imóveis foram
parcialmente afetados, o que deixou 252 desabrigados e 380 desalojados.
*Notamos divergências em relação ao número de óbitos. Em um
levantamento geral sobre os anos, vimos a informação de três óbitos
em 2007. Entretanto, nas matérias de O GLOBO sobre a morte da criança, que citamos acima, há a informação de que ela havia sido a sexta
vítima das chuvas dentro do mês de janeiro.
2003
17 óbitos
Dezessete morreram em temporal, sendo treze da mesma família
Uma das mais chocantes lembranças das chuvas em Petrópolis foi o que
aconteceu em 2003, quando treze pessoas da mesma família, sendo sete
crianças entre 2 e 15 anos, morreram soterradas na favela da
Lavadeira, no bairro do Contorno, na altura do km 82 da BR-040.
As outras quatro mortes daquele temporal foram causadas pelo
transbordamento de rios: o corpo de um homem foi encontrado em frente
à Câmara Municipal, no centro; os corpos de Valdir Kling, 52 anos, e
João Botelho de Melo Filho, 53, que estavam em um carro arrastado pela
enchente, foram achados próximo ao Palácio; e o corpo de Silvia Maria
Kudnig, 43, que foi levada pelas águas quando caminha com o marido,
foi encontrado no Quitandinha.
Com ventos de até 80km/h, o
temporal fez, em menos de uma hora, o Rio Piabanha subir cinco metros
acima do nível normal e transbordar, arrastando veículos e destruindo
o calçamento de cerca de 100 ruas.
2001
50 óbitos
Forte temporal deixou 50 mortos em Petrópolis
As chuvas próximas ao natal de 2001 deixaram a cidade toda tomada pela
lama, afetando principalmente as ruas Amaral Peixoto e Amazonas
(Quitandinha), Comunidade do Contorno (BR-040), assim como os bairros
Bingen e Vila Felipe (Alto da Serra), totalizando 50 mortes provocadas
por deslizamentos de terra e 525 desabrigados.
À época, o
temporal foi considerado o da cidade desde 1998. O bairro Quitandinha
registrou uma precipitação de chuva de 300 milímetros em 14 horas,
quase o dobro da quantidade esperada para todo o mês de dezembro.
2000
2 óbitos
1997
6 óbitos
1995
2 óbitos
1994
1 óbito
1992
23 óbitos (?)
Temporal derruba casas e provoca mortes em Nogueira
"Em Petrópolis, o local mais atingido foi o bairro Nogueira, onde muitos veranistas passavam o fim de semana. Gonçalo Baião Delgado, de 45 anos, e seu neto Dênis da Silva Delgado, de 2, morreram com o desabamento de sua casa na Rua do Açude. Próximo dali, uma barreira desabou, atingindo a casa número 137 da Rua dos Amores, onde morreram Maria do Rosário Alves Rodrigues de Almeida, 29 anos, e seu filho Luís Carlos de Almeida, de 7. Também morrem Luiz Ernani de Moraes Costa, de 50 anos, e a mulher dele, Marilene de Moraes Costa, de 46, num conjunto habitacional em Nogueira."
O Globo, 06/01/1992, pág 2
1988
134 óbitos
Temporais na manhã e no fim da tarde provocaram 134 mortes e caos em Petrópolis
Aquela sexta-feira, 05 de fevereiro de 1998, foi marcada por uma
tempestade que atingiu a cidade na parte da manhã, provocando
inundações no Centro Histórico e deslizamentos de terra em pelo menos
20 pontos do município. No fim da tarde, um segundo temporal agravou a
já caótica situação e ampliou o cenário de desespero em Petrópolis.
Além do Centro, as regiões do Morin, Alto da Serra e QUitandinha foram
atingidas com mais intensidade, mas também houve ocorrências no Bingen,
Araras e Corrêas, entre outras áreas.
Na tragédia - que ficou conhecida por muito tempo como a pior da história
de Petrópolis, sendo superada em 2022 - foram contabilizados 134 mortos,
200 feridos e mais de mil desabrigados.
Jornais de todo o país estamparam o desastre em Petrópolis
O Globo, 08/02/1988, Pág 1
Acervo O Globo
Maria Ismênia sobreviveu após 42 horas nos escombros
Moradora da Rua Casemiro de Abreu, no Centro, local onde nove
residências foram soterradas e 40 pessoas morreram, Maria Ismênia
Aleixo estava chegando em casa, às 23h55 daquela sexta-feira, depois
de ter saído para ligar para os bombeiros em um orelhão, quando houve
o desabamento.
Sem conseguir se mexer, a comerciante de 44 anos ficou embaixo da terra
até as 15h de domingo. Após imensa espera e temer ser morta por uma retroescavadeira
que ouvia, Maria finalmente escutou a voz do tenente Marcos de Almeida.
A retirada da sobrevivente ainda levou três horas para ser concluída.
Maria Ismênia perdeu um filho de 8 anos, seus pais e sua irmã na tragédia.
1981
20 óbitos
Desabamentos matam 23 pessoas em Petrópolis
"As chuvas que caíram sobre Petrópolis na noite de sábado para domingo e na tarde de ontem deixaram 23 mortos e cerca de 50 feridos, alguns dos quais soterrados. O acesso à cidade foi praticamente interrompido às 14h de ontem, quando cedeu uma parte da Estrada do Contorno, no quilômetro 83, próximo ao Bingen. Houve inundação e desabamentos em vários bairros, como Caxambu, Quissamã, Floresta, Loteamento Itamaraty, Cascatinha, Piquenique e, principalmente, Provisória."
O Globo, 14/12/1981, Pág 10
Acervo O Globo
1979
87 óbitos
1977
11 óbitos
1966
80 óbitos
1965
3 óbitos
"Todas as casas comerciais da principal avenida de Petrópolis foram atingidas pelas águas, que destruíram 80% dos estoques de mercadorias; 400 famílias ficaram ao desabrigo, porque suas casas foram invadidas pelas águas;três pessoas morreram afogadas e foram sepultadas ontem".
Notícia publicada no jornal "O Estado de S. Paulo", 24/12/1965
Crédito: Acervo do Estadão
1945
A imagem feita a partir do jardim do Museu Imperial mostra a inundação em frente à Prefeitura de Petrópolis, em 26 de março de 1945, época em que o executivo funcionava no prédio que hoje abriga a Câmara Municipal. Vê-se o portão do museu, a Avenida Sete de Setembro (atual Rua da Imperatriz) e, ao fundo, o local onde estaria a prefeitura.
1934
1930
Recorte de impresso mostrando inundação ocorrida no ano de 1930, na rua Treze de Maio, no trecho que fica em frente à Catedral de São Pedro de Alcântara. Vê-se a catedral sem a torre e o muro de arrimo que delimita a atual praça São Pedro de Alcântara.
Inundação na praça Visconde de Mauá (da águia) e na rua da Imperatriz, em 20 de março de 1930. Ao fundo, à esquerda, o prédio onde funcionava a antiga biblioteca municipal. No local, hoje está localizado o Centro de Cultura Raul de Leoni.
1925
1909
2 óbitos
"Hontem, ás 11 horas da noite, desabou sobre a cidade de Petropolis uma violenta tempestade, determinando rapidamente uma grande enchente do rio Píabanha e seus affluentes. Em pouco tempo, o volume das águas cresceu de tal modo, que á 1 hora da manhan de hoje já os rios transbordavam em vários pontos... Em alguns pontos da cidade caíram barreiras, causando pânico entre os moradores dos prédios próximos... Houve transbordamentos de rios em muitos outros pontos, impedindo o trânsito... O desastre ocasionou a morte das menores Luiza, de 14 annos, e Angelina, de 12 annos, que dormiam no quarto. Aos gritos de socorro acudiram os vizinhos, que nada puderam fazer devido á escuridão da madrugada e á chuva torrencial que caia."
1897
1 óbito
A devastação das mattas
"A enchente dos nossos rios no dia 12 do corrente e os estragos por ela determinados nos suscitam algumas considerações, que julgamos conveniente publicar, sujeitando-as ao juizo dos entendidos. Esse phenomeno, bem como a inundação do dia 1º de janeiro de 1895, tem em nossa opinião intima relação com a derrubada de nossas mattas, que nos ultimoS tempos augmentou consideravelmente, devido aos seguintes factores: necessidade de madeira para edificação - de predio ; falta de carvão para o serviço das fabricas e officinas e para uso domestico; difflculdade ou imposibilidade de fazer transportar pela nossa Estrada de Ferro lenha de localidades distantes. Essa nossa opinião funda-se não só na observação do que tem occorrido nesta cidade e em varias localidades cio exterior, como os valles do Loire, Rhone e Allier, como lambem no juizo de auctoridades competentes, como Humboldt, Boussingault, etc. «A devastação de mattas nas montanhas, diz Alexandre de flumboldt, no seu celebre Cosmos, trará ás gerações futuras dois grandes males: diminuição do calorico e falta d'agua.»
Gazeta de Petrópolis, 16/01/1897
Crédito: Biblioteca Nacional Digital Brasil
Terrível enchente
"A enchente deste anno exedeu em muito á de 1º de janeiro de 1895; é que de então para cá cresceu extraordinariamente a área de mattas devastadas. E a próxima será provavelmente muito maior do que a ultima."
Gazeta de Petrópolis, 20/01/1897
Crédito: Biblioteca Nacional Digital Brasil
1895
1 óbito
A inundação
"Extraordinario temporal desabou no dia 1° do corrente sobre esta
cidade e seus arredores, produzindo a maior inundação conhecida pelos
mais velhos habitantes desta localidade. Uma chuva pesada começou a
cahir ás 2 horas da tarde, prolongando-se sem cessar até ás 5 horas,
quando medonha tromba d'agua cahindo sobre as montanhas do Morin, e
trazendo diante de si arvores colossaes e enorme massa de terra,
inundou repêntinamente a cidade inteira, elevando-se o nivel das aguas
nas nossas largas avenidas a muitos metros de altura.
As aguas, sahindo do leito do rio, invadiram as avenidas lateraes, os jardins
e as casas, e na sua furia desordenada foram destruindo pontes, calçadas,
arvores e tudo o mais que em seu caminho encontravam.
...
Enormes foram os prejuizos materiaes occasionados não só a particulares
como á Municipalidade. Pessoa competente informa-nos que calcula-se em
mais de quinhentos contos o prejuizo nas obras municipaes. De particulares
sabemos que foram muito prejudicados os estabelecimentos commerciaes
de Mme. Dreyfus, viuva Kállenback, Lüiz Gonçalves, Domicio de Menezes,
além de muitos outros, que são quasi todos os negociantes da avenida
15 de Novembro;os srs. A. Siqueira e dr. Rodrigues Peixoto tambem soffreram
muito.
Foram arrebatadas pelas aguas as seguintes pontes:
Uma em frente a serraria Faullhaber, que foi um das estabelecimentos
mais prejudicados.
Uma em frente a casa de Mme. Cornelia.
Uma em frente á casa do barão da Penha.
Unia em frente á chacara do sr. Janacopolis na rua Souza Franco.
Unia em frente a cocheira nova da Companhia Tattersal, na avenida 15
de Novembro.
Uma em frente ao hotel Bragança. Uma na Westhphalia, em frente á casado
sr. Avelino. Unia na Estrada da Saudade.
Uma no Itamaraty, em frente ao Quissamã.
Uma na Samambaia.
Unia na Itaypava em frente á olaria do Sr. Guilherme Carlos.
Uma na Itaypava em frente aos terrenos do dr. Barros Franco.
Ficaram damnificadas:
A ponte da Estrada de Ferro no Palatinado, junto a qual esbarrou unia
arvore colossal.
A ponte em frente a Secretaria do Interior na rua Souza Franco.
A ponte pequena em frente ao edifício em que funcciona a Assembléa.
A ponte em frente ao passeio publico na avenida 15 de Novembro.
A ponte nova sobre o rio Itamaraty em frente á Estação (aterros lateraes
corridos).
Desmoronaram as muralhas do rios, no Morin, em quasi toda a extensão
no Palatinato em frente á casa do barão da Penha. "
Gazeta de Petrópolis, 05/01/1895
Crédito: Biblioteca Nacional Digital Brasil
O temporal
"O temporal, que começou no dia 1º, por grande inundação nesta cidade, tem continuado até hoje, sem que se possa predizer quando terminará. O céo está quasi constantemente carregado de grossas nuvens e o thermometro mantem-se, de dia e de noite, entre 22 e 23 gráos centigrados. Novos estragos apparecem diariamente, elevando o calculo, primitivamente feito, das despezas necessarias á sua reparação.. É consideravel o numero e o volume das barreiras cahidas em todas as partes do municipio. As estradas, á margem de rios, tem soffrido immensos prejuizos ; e em alguns pontos tem havido mesmo completa interrupção do transito pelo desapparecimento do leito, nos Correias por exemplo. A estrada de ferro Grão-Pará, que pouco soffreu no dia 1º, tem tido de então por diante grandes estragos em sua linha, determinados, segundo nos dizem, por barreiras cahidas e escorregamento do leito. Está se tomando verdadeira calamidade o temporal."
Gazeta de Petrópolis, 23/01/1895
Crédito: Biblioteca Nacional Digital Brasil
Temporal
"Continua a perseguir-nos o impertinente temporal, que estreiou-se com a memoravel inundação de 10 de Janeiro deste anno. Na noite de sexta-feira para sabbado, foi tão pesada a batega d'agua que os rios da cidade encheram até o nivel das ruas, innundando-as em alguns pontos, por minutos. Domingo a chuva persistiu o dia inteiro, augmentando, cada vez mais, o desespero dos que aqui vêm para recrearem-se ao ar livre, e não para respirarem o ar mephitico e confinado dos appartamentos. Dir-se-hia que esta interminavel chuva veio tirar a prova do poder da paciencia humana. Os estragos materiaes augmentam diariamente, consistindo sobretudo no escorregamento de barreiras e damnificação do leito das estradas. Não podemos especificar nenhum ponto, pois todas as vias públicas do municipio tem soffrido muito; o mais serio é a destruição completa de parte do leito de algumas estradas á margem dos rios em togares, em que fortes e custosos paredões são necessarios para o restabelecimento dessas vias de communicação, e o desabamento de duas casas, sendo uma na rua Thereza, cujos destroços cobriram a linha ferrea, escapando de victimar uma senhora que nella habitava, e que momentos antes havia se retirado, e outra no alto da Serra, pertencente á Companhia Leopoldina, tendo se salvo quasi milagrosamente os respectivos moradores, que dormiam pouco antes, e que aos primeiros estalidos despertaram ainda a tempo de fugir."
Gazeta de Petrópolis, 13/03/1895
Crédito: Biblioteca Nacional Digital Brasil
1882
1875
1873
Registros de outras tempestades e enchentes
Há também algumas notícias de enchentes, de acordo com publicações dos extintos jornais Mercantil e o Paraíba, nos anos de 1873, 1875, quando a Fábrica São Pedro de Alcântara foi atingida, e também em 1882.
Fonte: Museu Imperial/Ibram/MinC
1863
Dom Pedro II pede à Câmara providências para inundações
"É uma história que se repete. A gente hoje vê o município também pedindo socorro ao governo do Estado. Não se encontra uma solução e me parece sempre por uma questão política e não técnica na maior parte das vezes."
Fonte: Museu Imperial/Ibram/MinC
1862
Dom Pedro II escreve sobre as chuvas de Petrópolis em seu diário de viagens
"...pouco se fez do ano passado para cá. Os estragos que fez a enchente levaram dois meses a reparar, segundo me disse o engenheiro"
Fonte: Museu Imperial/Ibram/MinC
1834
Primeiro relato de enchente em Petrópolis
Há informações de que a primeira enchente da cidade ocorreu em 1834, antes mesmo do decreto de fundação do município, que se deu em 16 de março de 1843.
Fonte: Museu Imperial/Ibram/MinC