Ser um ponto de apoio
Por Catarina Maul
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Nesta tragédia que estamos vivendo em Petrópolis, algumas palavras e expressões foram incorporadas de forma recorrente em nossa linguagem: tempestade, intensa, sirene, defesa civil, alerta, ponto de apoio, catástrofe, desabamento, rio…
Hoje estive refletindo sobre a expressão “ponto de apoio”, que se refere aos locais seguros nos bairros para onde as pessoas se dirigem quando começa a chover e suas casas estão em perigo ou já não existem mais.
Fora esta parte física tão importante para garantir a chance de sobrevivência, cada um de nós também pode ser um ponto de apoio. Ser a escuta, ser a empatia, ser a solidariedade, ser a compreensão, ser a calmaria, ser a companhia, ser a janela aberta. Ser a mão estendida nos piores momentos de estresse em que os atingidos sentem a força dos seus vazios e solidões, ainda que acompanhados pelos que estão no mesmo barco.
O corpo precisa repousar em local seguro, mas dentro deste corpo em perigo, mora um turbilhão de emoções sombrias em seres que lutam contra seus pensamentos, seus medos, suas dores, seus lutos.
E ser apoio nessa hora é realmente ser humano na concepção mais grandiosa da palavra.
Afinal, não é isso que dizemos ser?
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